terça-feira

descrevendo as cenas que "são" daquela forma

Parece que dá para afirmar isso sobre as cenas de amor...
que elas não "foram" (no tempo passado) mesmo, pois cada vez que recordamos, elas "são"...no tempo  presente!!!
Observando aquela cena que se passava entre as duas pessoas, dava pra escutar o que conversavam, embora não se pudesse ver o que se passava internamente com cada um.
Quem já viveu um intenso romance, pode imaginar...
Imagino que seja dolorido relembrar, e impossível reviver...também levando em conta que deviam estar sentindo certas emoções a flor da pele...

E  riam, buscando naturalidade:
- Vou ficar aqui contigo porque não conheço mais ninguém e além disso, eu vim só...
- beleza, fica aí com a gente, estamos numa galera!
- Tu estás bebendo? Poxa, quem diria... nunca imaginei que veria isso...
- olha, talvez não tenha reparado, mas o fato não é inédito, com a diferença que tu sempre o fez em proporções tamanhas que talvez não conseguisse observar o que se passava com ou outros...
(...)
-Sabe... eu sinto muitas saudades tuas... de ficar contigo, acordar juntos, tomar café, conversar...
- ah, sim... eu também, de vez em quando...
-E isso é uma droga, sabe? Isso é uma merda esse sentimento... porque acabou, já era!!!
- olha, não sei se acabou mesmo... tenho dúvidas, porque sempre nos vemos em situações como esta...
-Porque será que eu ainda sonho contigo?
- ah é? penso que seja normal né...
- Nossa, sinto muitas saudades!
-bom! eu estou aqui... aproveita a minha presença e mata a saudade...
(abraço não muito natural, seguido de um beijo aparentemente inesperado, mas não rejeitado... e então vem o breve choro, como revelação de nostalgia)
- Nooooossa!
-é bom né? garanto que nem tu lembrava...
-Toma alguma coisa comigo?
-sim, pode ser...

E a partir daí, que aparentemente foi o auge da coisa, foi difícil observar o que aconteceu...afinal a casa estava cheia e as pessoas um tanto alteradas iam e vinham alucinadamente, ocultando movimentos e expressões... apenas constatava-se que sumiu a forjada naturalidade inicial, embora frases como "tu é o amor da minha vida" tenham sido constantes até a desocupação do local.

Não compreendo porque essas coisas soam tortura, sofrimento...
reencontros deveriam ser algo a se comemorar...afinal, nos afastamos das pessoas por razões diversas... mas todas elas são importantes na nossa trajetória...e por si só, reencontrá-las deveria ter a celebração como pressuposto...

É uma cena triste... e essa descrição soa intromissão, mas acontece que...
é impossível ser indiferente... e portanto cá estou eu descrevendo...

e sabe o que me ocorreu?
a música "Pedaço de Mim", do Chico...

"Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar(...)"

Um comentário:

  1. Sou,

    Sendo um escrito bonito, lateja essa poesia feita de amor.

    Bonito

    Abraços

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